domingo, 22 de abril de 2012

Cipó - 2. Ritos - 2.2 Quarup


O Quarup é um ritual voltado para a homenagem aos mortos ilustres, realizado pelos povos indígenas do Alto Xingu. É um dos mais importantes e emblemáticos rituais dessa região e pode acontecer sempre que morre um chefe ou parente de um líder indígena, tentando colocar o morto homenageado no mesmo nível espiritual dos ancestrais. É um ritual também importante para a iniciação do jovem na vida adulta, que passa um ano recluso, se dedicando a vários rituais preparatórios, no caso das mulheres.  Acontece, normalmente, no mês de agosto.

Apesar de todo o processo de degradação da cultura desses povos, imposta pela modernização e desvalorização dos hábitos indígenas, o Quarup sobrevive, sendo símbolo de tradição e resistência dos povos do Xingu.

Acredita-se que o ritual tem a sua origem fundada no objetivo de resgatar os mortos de volta para a vida. O rito é centrado na figura de Mawutzinin, considerado pela mitologia como o primeiro homem do mundo.

Tronco de Kuarup adornado para o ritual*
O ritual tem início com a chegada de índios provenientes de outras aldeias. Logo após, alguns deles se reúnem e vão até a mata, em busca de um tronco de Kuarup. Esse tronco é cortado e levado até a aldeia, onde será fincado no chão, sob uma cabana de palha construída em frente da chamada "casa dos homens". O tronco recebe uma decoração especial (penas e pinturas) e é iniciada uma cantoria em celebração ao "Morekwat" (chefe) homenageado. Depois dos preparativos iniciais, chegam os índios restantes, que se acomodam na periferia da aldeia. Monta-se uma fogueira em frente ao tronco e, em torno dela, acontecem cantos, danças, e lamentações. Um índio representante de cada grupo vai até a fogueira central e recolhe uma chama para acender a fogueira do seu grupo.

Segundo a tradição, o espírito do morto homenageado entra no Quarup e lá permanece até ser desenterrado e jogado no rio.

À noite, acontece o momento da ressurreição simbólica do chefe homenageado.  As carpideiras dão início ao choro ritual, que só termina com o raiar do sol.

Homens dançam**
Com o amanhecer, os grupos visitantes, que estavam acampados ao redor da aldeia, anunciam a sua chegada com gritos. Se dirigem para o pátio central e, assim, começa o ápice da cerimônia, chamada de luta huka-huka, em que os membros de uma tribo entram em combate com os membros de outra. Os homens fazem um grande círculo, batem os pés e cantam. As mulheres e crianças sentam-se em grupos separados, com os apetrechos usados para o almoço (troca de produtos entre as tribos). Também ocorrem competições entre os campeões de cada aldeia.

O chefe da aldeia, que sedia a cerimônia do Quarup, se ajoelha perante os chefes das outras aldeias, em sinal de boas vindas. Oferece peixe e biju, distribuídos entre os seus.

O ritual se encerra ,como descrito acima,com o lançamento do tronco às águas do rio.

*Imagem de "Blog Sinalyna". Disponível em <http://sinalyna.blogspot.com.br/2011/03/4-imagens-do-ritual-kuarup.html> Último acesso em 21 abr 2012
**Imagem de "Funai - Rituais Xinguaianos". Disponível em <http://www.funai.gov.br/ultimas/noticias/2_semestre_2008/julho/un2008_004.html> Último acesso em 19 abr 2012
QUARUP. Wikipedia, a enciclopédia livre. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Quarup> Último acesso em 19 abr 2012
NOTÍCIAS. Uol. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/inter/reuters/2003/07/21/ult27u37050.jhtm> Último acesso em 19 abr 2012
FESTA DOS MORTOS NO XINGU. Editora Horizonte. Disponível em <http://www.horizontegeografico.com.br/index.php?acao=exibirMateria&materia%5Bid_materia%5D=34> Último acesso em 19 abr 2012

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