O Quarup é um
ritual voltado para a homenagem aos mortos ilustres, realizado pelos povos
indígenas do Alto Xingu. É um dos mais importantes e emblemáticos rituais dessa
região e pode acontecer sempre que morre um chefe ou parente de um líder
indígena, tentando colocar o morto homenageado no mesmo nível espiritual dos
ancestrais. É um ritual também importante para a iniciação do jovem na vida adulta,
que passa um ano recluso, se dedicando a vários rituais preparatórios, no caso
das mulheres. Acontece, normalmente, no
mês de agosto.
Apesar de todo o
processo de degradação da cultura desses povos, imposta pela modernização e
desvalorização dos hábitos indígenas, o Quarup sobrevive, sendo símbolo de
tradição e resistência dos povos do Xingu.
Acredita-se que
o ritual tem a sua origem fundada no objetivo de resgatar os mortos de volta
para a vida. O rito é centrado na figura de Mawutzinin, considerado pela
mitologia como o primeiro homem do mundo.
Tronco de Kuarup adornado para o ritual* |
O ritual tem
início com a chegada de índios provenientes de outras aldeias. Logo após,
alguns deles se reúnem e vão até a mata, em busca de um tronco de Kuarup. Esse
tronco é cortado e levado até a aldeia, onde será fincado no chão, sob uma
cabana de palha construída em frente da chamada "casa dos homens". O tronco
recebe uma decoração especial (penas e pinturas) e é iniciada uma cantoria em
celebração ao "Morekwat" (chefe) homenageado. Depois dos preparativos
iniciais, chegam os índios restantes, que se acomodam na periferia da aldeia.
Monta-se uma fogueira em frente ao tronco e, em torno dela, acontecem cantos,
danças, e lamentações. Um índio representante de cada grupo vai até a fogueira
central e recolhe uma chama para acender a fogueira do seu grupo.
Segundo a
tradição, o espírito do morto homenageado entra no Quarup e lá permanece até
ser desenterrado e jogado no rio.
À noite,
acontece o momento da ressurreição simbólica do chefe homenageado. As carpideiras dão início ao choro ritual, que
só termina com o raiar do sol.
Homens dançam** |
Com o amanhecer,
os grupos visitantes, que estavam acampados ao redor da aldeia, anunciam a sua
chegada com gritos. Se dirigem para o pátio central e, assim, começa o ápice da
cerimônia, chamada de luta huka-huka, em que os membros de uma tribo entram em combate
com os membros de outra. Os homens fazem um grande círculo, batem os pés e
cantam. As mulheres e crianças sentam-se em grupos separados, com os apetrechos
usados para o almoço (troca de produtos entre as tribos). Também ocorrem competições
entre os campeões de cada aldeia.
O chefe da
aldeia, que sedia a cerimônia do Quarup, se ajoelha perante os chefes das
outras aldeias, em sinal de boas vindas. Oferece peixe e biju, distribuídos
entre os seus.
O ritual se
encerra ,como descrito acima,com o lançamento do tronco às águas do rio.
*Imagem de "Blog Sinalyna". Disponível em <http://sinalyna.blogspot.com.br/2011/03/4-imagens-do-ritual-kuarup.html> Último acesso em 21 abr 2012
**Imagem de "Funai - Rituais Xinguaianos". Disponível em <http://www.funai.gov.br/ultimas/noticias/2_semestre_2008/julho/un2008_004.html> Último acesso em 19 abr 2012
QUARUP. Wikipedia, a enciclopédia livre. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Quarup> Último acesso em 19 abr 2012
NOTÍCIAS. Uol. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/inter/reuters/2003/07/21/ult27u37050.jhtm> Último acesso em 19 abr 2012
FESTA DOS MORTOS NO XINGU. Editora Horizonte. Disponível em <http://www.horizontegeografico.com.br/index.php?acao=exibirMateria&materia%5Bid_materia%5D=34> Último acesso em 19 abr 2012
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